domingo, 5 de outubro de 2025

Três exposições inauguradas no CAE: Oleandras na Sala 3 - Odete de Sousa 70 na Sala Zé Penicheiro - E “Ovelhas...” Sala de ilustração com coleção de livros autobiográficos

Oleandras - Exposição e coleção de livros autobiográficos

“Oleandro” (Nerium oleander) é o nome de uma planta extremamente resistente ao frio e ao calor, comum nas calçadas e vias públicas.Oleandras é uma coleção de narrativas autobiográficas de autoras que usam a imagem como forma primordial de escrita. O crescimento, a constituição de identidade e a procura de um lugar no mundo são temas centrais destas narrativas reais contadas na primeira pessoa.

Os 4 primeiros livros – “Vai mas Volta”, de Liliana Lourenço, “Amanhã”, de Ana Biscaia, “Um Corpo que se Desfaz”, de Rachel Caiano e “Assis Bueno 37”, de Paula Delecave - inauguram uma coleção de livros-objeto que conjugam grafismo, texto e imagem de forma experimental.

A história privada da cultura humana tem sido narrada e transformada em objetos artísticos, sobretudo por uma elite que possui as ferramentas e os meios para o fazer. Urge estender essa possibilidade dando a ouvir e valorizando as várias vozes que constituem o mapa diverso da convivência humana.

Inspirado pelo conceito de “escrevivências” criado pela escritora brasileira Conceição Evaristo, esta coleção centra-se na criação de narrativas como método de investigação artística e produção de conhecimento social.

Oleandras são resistentes e são políticas.

Sala 3, de 3 de outubro a 25 de janeiro 2026.

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Odete de Sousa 70

Em Setenta, há inspirações e influências que se vão fundindo, uma vida de experiências que se transfigura em forma e cor, numa mostra onde se dá a descobrir o universo singular de Odete de Sousa.Dessa amálgama pessoal e artística, nasceram estas peças que deram muito prazer a fazer. Trabalhadas com liberdade e intuição, elas exploram convidando a um diálogo sensorial e emotivo.

A artista prescinde de uma explicação, pois acredita que a força da obra está no olhar de quem a vê.

Esta exposição não se impõe; sugere. Cabe a cada visitante encontrar a sua própria narrativa, tirar as suas conclusões e usufruir do puro divertimento da descoberta.

Sala Zé Penicheiro, de 4 de outubro a 2 de novembro.

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Já não se contam ovelhas para dormir? - Andrea Inocêncio
Continuando a sua pesquisa sobre o silêncio, Andrea Inocêncio criou esta exposição em grande proximidade com as comunidades femininas da região de Tondela - em particular com as que se encontram numa maior relação com o meio natural mas que, devido aos efeitos da globalização, avanços tecnológicos, entre outros, se abeiram do silenciamento. Assim este é também um trabalho que presta homenagem às pastoras da Serra do Caramulo.

Ao contrário da norma, em que usualmente são os homens a guardar os rebanhos, na Serra do Caramulo a tarefa recai sobretudo nas mulheres. Esta é uma profissão que tende a desaparecer, a não ser que mais jovens como a Márcia - que realizou o sonho de dar continuidade ao trabalho da avó - queiram abraçar uma vida que pende entre a harmonia com a natureza, e a precariedade que a profissão acarreta.

A exposição inclui, igualmente, registos de mulheres pastoras reformadas. Apesar de, por vários motivos, já não exercerem a atividade de pastoreio, são a imagem da resiliência característica das mulheres desta região.

Os homens fazem também parte da exposição em particular os que dão apoio às suas esposas. Ainda em caso excecional temos a história de vida de um homem que enviuvou cedo e travou uma batalha para criar e sustentar sozinho os seus dois filhos.

Curadoria: Zetavares/ACERT | Exposição desenvolvida no âmbito de uma Residência Artística promovida pelo Novo Ciclo ACERT, com o apoio à Programação da DGArtes.

Sala de Ilustração, de 4 de outubro a 30 de novembro.

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